Inspirado no romance inacabado Andreas (1907-1929 de Hugo von Hoffmansthal este vídeo cruza imagens de vários lugares e não-lugares do mundo, onde dicotomias como a natureza e a cultura, o norte e o sul, a beleza e o sublime se dissolvem em bifurcações, súbitas mudanças de plano e de velocidade, inesperados cruzamentos. "Nestas imagens [...] estão lançadas as escadas sobre a ruína; sobre uma distante Babel; longínqua, em crescendo; lanço de escada após lanço de escada. E aquele que as lançou é também aquele que as sobe segundo uma analogia matemática, segmento a segmento, proporção a proporção, degrau a degrau. Mesmo que um degrau falhe, a comparação que se ocupa das grandezas mensuráveis permanece, nem que seja no torturado ferro que se vai estender ao longo dos pisos: andares de «ninguém» que contêm um branco de cal, um branco de branco sujo, queimado na vertigem de uma obra colossal, erguida por ninguém, para ninguém".
João Miguel Fernandes Jorge, “Um caminho para a ruína”, in Manuel Valente Alves, João Miguel Fernandes Jorge, “Andreas”, Lisboa, Museu Nacional de Arte Antiga/MVA Invent, 2003